Drible as incertezas e acerte na escolha da profissão

 

A entrada no Ensino Médio pode ser um período de muita ansiedade para os adolescentes que ainda não se decidiram por qual carreira profissional seguir. A pressão pode aumentar ainda mais no último ano, quando aliado ao sentimento de despedida da escola se une a necessidade de tomar decisões que definirão seu futuro. Sentir-se angustiado e perdido são sentimentos normais nessa situação, mas é importante lembrar que sair desse caminho aparentemente sem saída é mais fácil do que se imagina.

 

O psicólogo Antonio Carlos Mattar Villela atua há 31 no Sesop, e há 15 coordena o Programa de Orientação Profissional no Campus Humaitá II. O projeto tem uma proposta e metodologia que vai muito além dos tradicionais testes vocacionais. O foco está em proporcionar um entendimento profundo sobre os interesses, as habilidades (competências e talentos) e as características de personalidade de quem está escolhendo a carreira a seguir. A apresentação do mercado de trabalho e suas tendências – por meio de oficinas e seminários, em parcerias com instituições de ensino e profissionais de diversos ramos – é outro pilar do projeto. Ao longo desses 15 anos, Antonio Carlos observou que a desinformação sobre as carreiras profissionais ainda é grande entre os jovens e suas famílias. Além disso, a pressão, cada vez mais cedo para que o jovem defina a profissão que seguirá no futuro, é um dos fatores que leva a escolhas equivocadas e frustrantes.

 

Para quem ainda não sabe que caminho seguir, o psicólogo ressalta que antes de tudo o jovem deve ter em mente o que é fazer uma escolha e como realizá-la de maneira que atenda às suas necessidades e aos seus objetivos individuais. “A sugestão é que os jovens procurem informações a respeito dos cursos de seu interesse, as funções que desempenharão, as tendências do mercado de trabalho e, mais importante, que entendam os motivos internos que os levam a fazer determinada escolha”, destaca. Isso inclui refletir se o mais recomendável é optar por um curso universitário ou técnico e tecnólogo, levando em consideração a necessidade de rápida inserção no mercado de trabalho, a possibilidade de iniciar uma graduação mais adiante e outras variáveis.

 

Nesse processo, o jovem pode levar alguns aspectos em consideração como, por exemplo, a influência familiar e status que determinada carreira detém na sociedade. Sobre a influência familiar, Antonio Carlos afirma que nem sempre ela é nociva. Casos onde o jovem está inserido em uma família com tradição em determinada profissão podem sim gerar reconhecimento profissional e acadêmico. No entanto, a opção por seguir a carreira da família deve ser muito bem avaliada segundo os interesses do jovem. “Embora seja verdadeira a afirmativa de que talento não se transfere por 'osmose', é fato de que o sobrenome abre caminhos.  Por outro lado, ser obrigado a dar continuidade à tradição profissional da família pode ser um fardo para o jovem, em especial se ele não possuir nem habilidade, e muito menos interesse”, observa.

 

A classificação de cursos por status profissional é apontada por Antonio Carlos como inoportuna. “Essa classificação, conferida por pessoas próximas ao jovem, leva em consideração que a Engenharia se situa em um patamar acima da Administração, por exemplo.  Ou que Ciências Atuariais é um curso 'pouco conhecido', logo, não deve ser considerado”, exemplifica. No entanto, levar em consideração o mercado de trabalho é crucial nesse processo de escolha. “Existem profissões tradicionais como Medicina, Direito e Engenharia cujos mercados se mantêm sempre aquecidos.  Por outro lado, observamos os cursos sazonais, como Geologia, Engenharia de Petróleo, Relações Internacionais, nos quais a absorção pelo mercado de trabalho é restrita a um período de demanda”, pontua.

 

E, se mesmo levando todas essas dicas em consideração, o jovem perceber que a carreira escolhida não atende às suas expectativas, não é preciso se desesperar. Ficar triste com a descoberta é normal, mas o importante é não se acomodar com a insatisfação. “Refazer o caminho, tendo como experiência os aspectos não observados anteriormente, é a opção certa”, afirma Antonio Carlos.

 

 

 

Bianca Souza - Coordenadoria de Comunicação Social

 

 

 

 

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