
Marcio Medina (esq.) e parte dos alunos que participam da Oficina de Robótica em Niterói
Os anos passam e para muitos estudantes do Ensino Fundamental e Médio uma dúvida parece sempre pairar sobre suas cabeças: o que fazer com os conceitos e fórmulas aprendidos nas aulas de Matemática e Física? Quando usá-los com alguma finalidade? Muitos de vocês já podem ficar felizes em saber que a robótica pode ser uma solução para essa questão. Através dela, muitos desses conceitos vistos em sala de aula são aplicados na prática, de uma forma muito divertida e dinâmica.
Quem garante são os próprios alunos da Oficina de Robótica, do Campus Niterói, coordenada pelo professor de Física, Marcio Medina. “O futuro é robotizado e não quero ficar refém da tecnologia. É uma forma de aprender o que se vê na sala de aula de forma prática. Além disso, o fato de colocar um robozinho para andar é bem interessante”, conta Nicolas Louback, da 3ª série.
Ele e outros 31 estudantes participaram, com os robôs construídos na oficina, da etapa regional da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), que aconteceu em agosto, em Macaé (RJ). Divididos em duas equipes para a competição, os alunos falam com orgulho de suas criações. “Apresentamos um robô diferente de tudo o que já vimos antes. Não seguimos nenhum padrão disponível na internet. Criamos algo totalmente novo. Ele é bem compacto e mais alto do que o normal”, explica Letícia Bastos, aluna da 2ª série de Niterói.
FOTO: Laboratório do Campus Tijuca II iniciou atividades em julho
A empolgação dos alunos não poderia ser diferente, afina,l os robôs são resultado de um trabalho de pesquisa, debate e aprendizado coletivo, que teve início ao final da 1ª certificação, quando o grupo recebeu quatro kits de robótica Lego Mindstorm, fornecidos pela Zoom, empresa brasileira representante da Lego Education. “Os alunos começaram a pesquisar sobre o material. Eles foram trocando experiências e ganhando conhecimento através da internet e do contato com outros participantes dessas competições em redes sociais. Através de tentativa e erro, eles foram construindo os robôs”, conta Medina. Com o equipamento, as atividades da oficina, criada em 2014, passaram a abordar não apenas a teoria, mas também a parte prática da robótica.
Desde junho, 11 alunos – entre estudantes do Ensino Médio Regular e Técnico em Informática – integram o Laboratório de Robótica Educativa, coordenado pelo professor de Informática Educativa, Jorge Fernando de Araujo. A expectativa é de que, com a consolidação do projeto, o Laboratório passe a atender também alunos a partir do 6º ano do Ensino Fundamental.
Para Rafael Bruno, aluno do curso Técnico em Informática, aliar teoria e prática foi o que mais o atraiu no Laboratório. “Com os kits do Lego Mindstorm conseguimos trabalhar nosso lado criativo de uma maneira diferente. Podemos programar o robô para andar, mexer os braços e fazer várias outras coisas que para a gente podem parecer simples, mas quando realizamos com o robô ficamos maravilhados. Dá uma sensação de concretização. Aprender na prática é sempre melhor, essa dinâmica é muito boa”, opina.

Na Tijuca, a expectativa é levar as atividades também para alunos do Ensino Fundamental
Por trás da aparência do tradicional brinquedo de peças de montar estão sensores de toque, sensores de cor e sensor infravermelho controlados por um processador programável, que permite a execução de ações determinas pelo seu controlador. A programação do robô pode ser feita de duas maneiras. Uma delas é através de uma aplicação fornecida com o kit, com uma linguagem própria e muito intuitiva, permite que com pouco ou nenhum conhecimento de programação se consiga programar os robôs para executar ações. A outra é programando em uma linguagem muito próxima da linguagem C.
Mais do que o entendimento das aplicações de conceitos de Física e Matemática para a robótica, o autoaprendizado é uma das principais habilidades estimuladas na Oficina, em Niterói. “Colocamos a mão na massa, trazemos soluções e discutimos possibilidades de forma coletiva. Eles treinam a argumentação, o espírito de equipe, a responsabilidade e desenvolvem o autoaprendizado com consistência. É uma atividade fora do formato de sala de aula tradicional e onde eles têm uma participação ativa em todo o processo. Os problemas estão ali para serem resolvidos e eles terão que descobrir esses mecanismos. Eles percebem que há um propósito para tudo o que eles estão aprendendo. Essa dinâmica os motiva a virem à escola fora do horário normal”, destaca Medina.
Esse processo de aprendizagem também é estimulado pelo professor Jorge Fernando. “O Laboratório busca incentivar os alunos a investigar os aspectos científicos e tecnológicos existentes no mundo contemporâneo e verificar as inúmeras possibilidades de um aprendizado prático, capaz de desenvolver nos alunos a capacidade de pensar, de inferir e de concatenar diferentes conceitos científicos, obtendo soluções para os desafios propostos”, explica.
Esta é a primeira vez que alunos da Oficina de Robótica, do Campus Niterói, participam da prova prática da OBR. Em 2014, cerca de 20 alunos realizaram a prova teórica da olimpíada e conquistaram sete medalhas – duas de prata e cinco de bronze.
FOTO: Alunos de Niterói participaram da etapa regional da OBR, em Macaé
Na prova prática, as duas equipes inscritas já garantiram a participação na etapa estadual. A equipe composta por alunos da 3ª série conquistou, inclusive, medalha de prata na etapa regional, que aconteceu no dia 26 de agosto. Os robôs montados percorreram um circuito de três níveis, tiveram que desviar de obstáculos e simular um resgate, capturando e transportando um objeto, tudo isso tomando decisões sem a interferência dos membros da equipe. O grupo também realizou a prova teórica da OBR, no dia 21.
Em outubro, é a vez da etapa regional do Torneio de Robótica First Lego League. A competição é dividida em duas em duas etapas: uma de pesquisa acadêmica e uma de pesquisa robótica. Na pesquisa robótica, o robô desenvolvido pelo grupo é avaliado por seu desempenho na pista, pela execução dos desafios impostos e por seu projeto, analisando se a programação foi feita de forma limpa, com domínio da linguagem. A pesquisa acadêmica proposta pelo grupo propõe a redução do consumo de energia através do uso de geradores em ambientes domésticos. Durante toda a competição é avaliada a integração dos participantes na equipe em todas as apresentações.
Nicolas tem boas expectativas para a participação de sua equipe na etapa regional do Torneio de Robótica. O robô desenvolvido é especializado em identificar objetos e transportá-los ou não, de acordo com seu tamanho, além de reconhecer o tamanho de obstáculos e desviar deles. “Estamos no caminho, temos pesquisado muito sobre a programação de robôs e nos empenhamos bastante. As expectativas são as melhores, esperamos passar da etapa regional e conseguir uma medalha”, afirma.
Para o aluno da 2ª série, Arthur Zanon, participar das atividades da oficina serviu não apenas para abrir um novo leque de conhecimentos e opções profissionais para o futuro, mas, acima de tudo, para integrá-lo mais à escola e fortalecer os laços com os colegas de turma. “Eu não passava muito tempo na escola e com a oficina me integrei mais com o pessoal da minha turma, com quem não andava tão junto”, afirma.
Agora, ele, Eduardo Thomaz, Letícia Bastos, Maria Clara Victer e Graziele Barreto se tornaram grandes amigos, e integram a mesma equipe que vai participar da OBR e da etapa regional do Torneio de Robótica. Marcio Medina acredita que a participação em competições reforça ainda mais o sentimento de pertencimento e a união entre os alunos. “Quando você representa seu colégio, isso cria um vínculo muito forte com a escola e com seus amigos”, diz.
Em outubro, quando acontece a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), o aprendizado dos alunos no Laboratório de Robótica Educativa poderá ser conferido durante o Dia do Conhecimento, evento organizado anualmente pelo Núcleo de Educação Científica (NEC) do Campus Tijuca II, ao qual o Laboratório está vinculado. Os alunos apresentarão os robôs executando movimentos dentro de um percurso pré-definido. Para o próximo ano, Jorge Fernando espera preparar os alunos para representar Colégio na Olimpíada Brasileira de Robótica em diversos níveis.
Bianca Souza - Coordenadoria de Comunicação Social