Mesa-redonda sobre religiosidades de matrizes africanas foi um dos destaques da II Jornada da Diversidade do Campus Engenho Novo II
Mesa última edição da Jornada da Diversidade, que aconteceu no Campus Engenho Novo II, nos dias 13 e 14 de outubro, o Núcleo Transdisciplinar de Humanidades (Nuth) propôs aos alunos do Ensino Médio uma mesa-redonda centrada nas religiosidades de matrizes africanas, com foco informativo e acadêmico.
A mesa-redonda “Religiosidades de matrizes africanas” contou com a participação do candomblecista e doutor sobre o tema, Alfeu Garcia, e a professora de História e doutoranda na área, Carolina Rocha, estudiosos das religiosidades de matrizes africanas e seus desdobramentos no Brasil. A mesa foi mediada pela professora de História do Campus e membro do Nuth, Carolina Medeiros.
FOTO: Alfeu Garcia abordou a história do candomblé
Conhecido entre os alunos por ter sido professor substituto no Campus, Alfeu Garcia abordou a história do candomblé, uma religiosidade típica brasileira, em sua opinião. “Nas diversas regiões africanas encontram-se cultos de diferentes orixás, mas não a religião candomblé com orixás e rituais como no Brasil”, defendeu.
Orfeu também falou de como a diversidade étnica e religiosa vinda para o Brasil com o tráfico de escravos contribuiu para a formação do candomblé brasileiro. “Yorubás, Jejês, Bantos, Bakongos aqui se encontravam e se misturavam aos escravos brasileiros e demais manifestações religiosas para criar uma expressão religiosa única, brasileira, de matriz africana”, explicou.
Já a professora Carolina Rocha conversou com os alunos sobre suas pesquisas atuais, que demonstram o quanto o crescimento das religiões neopentecostais nas comunidades cariocas coincide com o fechamento de casas de candomblé nessas mesmas áreas. “As pressões do tráfico e das igrejas cristãs nas comunidades são fortes que incidem não somente sobre as chamadas ‘casas de santo’, mas também sobre os que professam declaradamente sua fé como candomblecistas”, lamentou.
Tolerância
FOTO: Carolina Rocha falou sobre o fechamento de casas de candomblé nas comunidades cariocas
De acordo com Carolina Medeiros, a temática da diversidade e tolerância religiosa encontra terreno fértil de grande interesse entre os alunos. Segundo ela, a primeira mesa sobre religiosidade composta na Jornada da Diversidade de 2013 contou com participantes das mais diversas religiões professadas no Brasil.
“Tivemos membros das Igrejas Cristãs Protestantes, cardecistas, umbandistas, católicos, candomblecistas, budistas e Hare Krisnas, numa mesa ecumênica que por si só demonstrava a total viabilidade de convivência pacífica e respeitosa entre as religiosidades. Foi sucesso total entre os alunos”, ressaltou Carolina Medeiros.
No ano passado, foi utilizada uma dinâmica diferenciada em que os próprios alunos, professores e demais servidores puderam elaborar para os demais presentes um breve relato de suas experiências religiosas, contando um pouco da sua religião, bem como da vivência individual. “Em pouco tempo, os mediadores da atividade tiveram que encerar as inscrições, tamanha empolgação dos alunos em dar sua contribuição sobre sua fé. Diversidade e tolerância garantidas”, relatou Carolina Medeiros.
O que você achou da mesa-redonda????
FOTO: Matheus Santiago agradeceu aos organizadores do evento pela realização da Jornada da Diversidade
" A mesa foi extremamente produtiva e interessante, o discurso dos componentes da mesa foi esclarecedor, pacífico e respeitoso. Apesar de uma das componentes aparentar não estar preparada ao ler um texto quase que integralmente durante sua fala, todos se saíram maravilhosamente bem. Quero destacar que apesar de já ter acontecido outros debates sobre religiosidade no colégio, todos foram diferentes e abordaram seus temas com louvor.
Uma das partes que mais me interessou nesta mesa foi o esclarecimento dos conceitos de Exu e da não existência do pecado no Candomblé. Para finalizar não poderia deixar de agradecer aos organizadores da II Jornada da Diversidade, aos apoiadores da mesma e ao Campus Engenho Novo II por me proporcionarem sempre experiências fantásticas e esclarecedoras, me abrindo portas a novos saberes e me desconstruindo cada vez mais. Ao Pedro II tudo ou nada?"
Matheus Santiago Silva - turma 906
"Acho interessante e bastante importante para a formação de alunos (como cidadãos que respeitam uns aos outros, independentemente das diferenças) palestras como esta sobre Religiosidades de Matrizes Africanas, até mesmo para que haja maior conhecimento e para que se evite a ignorância sobre este assunto".
Bianca Batista Pinto - turma 2304
" Acho interessante apresentarem palestras com esse tipo de tema em um colégio tradicional como o Pedro II. Cada palestrante apresentou muito bem suas religiões e os problemas que a intolerância para com elas causa, também responderam todas às perguntas feitas com respeito a todos os alunos e professores presentes. O único problema ao meu ver foi a má administração do tempo, que acabou ultrapassando o horário de saída do turno da tarde."
Bruna Batista Pinto – turma 2304
Denise Gonring - Coordenadoria de Comunicação Social
Com colaboração de Edson Carvalho